Nossa Pracinha

Realização: Amigos da Rua
Coordenação: Samy Lansky
Colaboração: Virginia Caetano, Jucelia Oliveira, crianças e demais moradores da Vila Pindura Saia, Beatriz Goulart e Alexandre Pimenta (Pimenta Filmes – curadoria do ‘Cineminha’), Antonio Passos.
Apoio: Instituto dos Arquitetos do Brasil, Regional Minas Gerais (IABMG)
Agradecimentos: CAPES
Local: Belo Horizonte – MG

Este projeto é resultado da conquista da Nossa Pracinha, um território infantil e popular na Regional Centro-Sul de Belo Horizonte, entre a Vila Pindura Saia – um dos três resquícios populares que resistem à expansão imobiliária – e o Mercado do Cruzeiro, equipamento municipal de abastecimento e cultura. É resultado de atividades acadêmicas, culturais e ações sociais realizadas com a rede de vizinhos Amigos da Rua, que reúne crianças, moradores da vila Pindura Saia e do entorno do Mercado do Cruzeiro, artistas, associação de bairro e de comerciantes, estudantes, professores universitários e pesquisadores. As atividades se iniciaram em 2014 como uma pesquisa sobre crianças e um escritório experimental de arquitetura, design e urbanismo integrados no atendimento da comunidade vizinha à Universidade FUMEC. Desde 2015 realizamos atividades sociais e culturais na Nossa Pracinha (antigo estacionamento de motos) entre elas o Cineminha à Luz da Lua que, desde 2018 tem a curadoria da Pimenta Filmes. A história da Pindura Saia se confunde com a história da segregação socioespacial –negra – em Belo Horizonte e, portanto, é invisibilisada. Importante lembrar que a segregação é uma característica fundante de Belo Horizonte. Desde Aarão Reis, o plano original do final do século XIX expressou “organizações” por grupos sociais: internamente à Avenida do Contorno (limite do planejamento) somente os políticos, os funcionários públicos, etc… e para os outros…. a Pindura Saia está fora desta avenida.

Após diversas ações no local, finalmente em 2018 a Nossa Pracinha foi oficializada e atualmente é um Praça municipal.

O caso desta Vila é interessante pelo fato de pertencer (ou de certa forma não) ao Bairro Cruzeiro, local onde a oferta de oportunidades e equipamentos é grande e é objeto de pesquisas e ações acadêmicas e artísticas desde 2015, especialmente organizadas numa rede denominada Amigos da Rua. Pela carência de regularização fundiária e pela estrutura segregada que a cidade se configura, seus moradores são permanentemente ameaçados de expulsão.

A Nossa Pracinha, em determinado sentido, territorializa expressões culturais populares e infantis por meio da brincadeira e portanto é considerada uma conquista, ou uma reconquista do território popular extremamente gentrificado, produzido segundo uma lógica adulta e capitalista.